Paulo Leminski (1944-1989) é o autor homenageado da 23ª edição da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, ano em que a Festa volta a ser celebrada no seu período habitual, entre 30 de julho a 3 de agosto.
Tradição desde a primeira Flip, a escolha do autor homenageado a cada edição é um convite a novas leituras de sua obra, nacional e internacionalmente. Outros poetas também já receberam o destaque na Festa, como Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Ana Cristina Cesar, Hilda Hilst e Maria Firmina dos Reis. Agora é a vez Leminski que terá a vida e a obra tratadas com maior profundidade durante o Ciclo do Autor Homenageado, que antecede a Flip.
Leminski foi um artista múltiplo. Autor de Catatau, uma das grandes invenções na prosa brasileira do século 20, foi um tradutor criativo, biógrafo erudito capaz de fazer perfis de nomes que iam de Trotski a Bashô. O que poucos sabem é que era judoca faixa preta, além de publicitário e músico. Com todo esse currículo, ou justamente por conta dele, Paulo Leminski foi, antes de tudo, um poeta.
Gênio inquieto para quem sua cidade natal, Curitiba, logo ficou pequena, o autor tratou de expandir seu círculo de amigos, numa época em que a internet era um sonho distante. Foi por cartas, viagens precárias e longos telefonemas que Leminski, a partir de sua casa no bucólico bairro do Pilarzinho, na capital paranaense, fez-se essa presença tão fundamental na cultura brasileira, seja pelo trabalho editorial junto à editora Brasiliense, seja em parcerias com os músicos mais populares do país, como Caetano Veloso, Moraes Moreira, Jorge Mautner, Guilherme Arantes e Itamar Assumpção.
Paulo Leminski deixou ao Brasil um legado que vai muito além da sua própria obra. Ele inaugurou um modo de encarar a literatura e a poesia que extrapola os espaços tradicionalmente restritos a elas. Compreendeu profundamente que a erudição tem mais valor quando ela vai até as pessoas.
A homenagem ao poeta é um resgate da atitude de generosidade do artista, a generosidade que nasce do reconhecimento profundo de que a função da arte é chegar nas pessoas, é provocar a reflexão, é armar os leitores com senso crítico, humor e perspicácia.
Sensação
Vento
Umidade